23 de julho de 2010, o dia que Muricy eliminou o Corinthians da Libertadoes 2011

Texto: João Paulo Tozo

Imagem: Reuters

 

Corinthians e Libertadores é um caso sem solução. Não basta o estigma que o time já carrega por nunca ter vencido a competição, por nunca ter disputado uma final, enquanto seus rivais diretos do estado já possuem suas faixas.

Tripudiar em cima é fácil, rola até antecipadamente, mas é coisa de torcedor e é salutar. O dia que não acontecer pode estranhar.

Ontem, porém, eu estranhei. Não assisti a partida pois estou em curso a semana toda. Peguei os minutos finais, derradeiros minutos de uma fatura já consolidada. Mas estranhei já às 23:00, quando sai correndo do curso tentando ainda assistir aos minutos finais de Tolima X Corinthians e Mirassol X Palmeiras e não escutava um estalo de rojão, uma conversa mais exaltada nos bares, uma aglomeração, nada, nada que indicasse que naquele momento o Corinthians estivesse jogando o jogo que daria a cara ao seu ano.

Pensei: “Deve estar 0X0”. Afinal, por pior que o time esteja, por maior que seja a “zica” corintiana na competição, era contra o Tolima. Continuei pensando: “Legal, deve ir para os pênaltis, chego em casa e ainda consigo ver algo”.

Já em casa, me deparei com a tragédia em preto e branco na TV em cores. 2X0 era absurdo demais, penso eu ainda hoje, ainda amanhã, continuarei pensando, enfim.

Mas por baixo de toda a melancolia que hoje se abate sobre o torcedor alvinegro, existem pontos onde a racionalidade deve aflorar.

E existe um deles que eu acho preponderante – o dia 23 de julho de 2010. Foi nesse dia que o Corinthians começou a ser eliminado pelo Tolima.

Foi nesse dia fatídico que Muricy Ramalho disse “NÃO” a seleção da CBF. Esse “não” de Muricy trouxe o “sim” de Mano Menezes.

O que aconteceu daquele dia em diante?

Adilson Baptista chegou, meio time “se lesionou”. O então líder do BR10 desandou, passou 7 jogos sem vencer. Adilson caiu. Estranhamente meio time voltou do dia pra noite. O futebol, porém, continuou lesionado.

Tite assumiu e terminou a temporada invicto. Invicto nesse caso significa empatar com Vitória e Goiás, times rebaixados ao final do BR10. Invicto, mas cheio de empates, o que significou não só a perda do título, mas também da vaga direto a fase de grupos da Libertadores.

Não sei que tipo de pacto esse time tinha com Mano Menezes, mas o seu jogo só fluiu enquanto o atual técnico do time da CBF lá esteve.

O Corintiano hoje de cabeça inchada, aponta seus culpados e Roberto Carlos aparece como unanimidade. Tite e a sua incrível e inexplicável retranca com 3 atacantes também. E estão corretos em apontá-los. Mas não estarão 100% corretos se não depositarem na conta de Ronaldo a sua enorme parcela de culpa.

Não entra na minha cabeça que alguém tolere um jogador que se apresenta para o inicio de uma temporada tão importante, para um jogo que definiria os rumos do time no ano todo, pesando 217 arrobas.

“Ahhh, mas em 2008 ele pesava isso e jogou”, diz o feroz internauta.

Oras, meus caríssimos. Ronaldo Nazário é um dos mais espetaculares jogadores que o futebol já produziu. Dos que vestiram a camisa 9, seja talvez um dos 3 melhores de todos os tempos. Foi 3 vezes o melhor do mundo eleito pela Fifa. É ainda o maior artilheiro das Copas.

Imagine-se você um zagueirinho atuando no Brasil, em uma época onde os grandes do futebol estavam lá fora, onde jogar contra “Ronaldos da vida” só era imaginável no Playstation.

Quando Ronaldo voltou ao país como incógnita, encontrou como obstáculos marcadores que enxergavam dentro daquela camisa super esticada do Corinthians o Ronaldo que fez história, o ídolo. “Vou dar bote nesse cara e terminar torto no chão. Melhor cercá-lo.”

Inteligência não se vai junto da boa forma e Ronaldo é inteligente, muito acima da média também nesse quesito. Deitou e rolou em cima da fragilidade que encontrou nas marcações alheias.

Só que a mamata acabou. O ídolo tornou-se real, treina do outro lado do cercado, come na mesma churrascaria. Suas fragilidades físicas tornaram-se maiores do que o temor aplicado ao melhor do mundo de outrora. A marcação chegou junto e a cintura hoje dura do camisa 9 não agüentou. Só que com ainda 33 anos de idade e com um contrato sério com um dos maiores clubes do Brasil, sua obrigação era apresentar-se como atleta e não como um ídolo intocável, cercado de bajulação e sem críticas.

O maior nome, o maior salário, o maior jogador – em todos os sentidos – a maior responsabilidade também.

Porém, com ou sem Ronaldo o time jogava bem até aquele dia, aquele fatídico dia em que Muricy Ramalho disse “não” à CBF. O dia 23 de julho de 2010. O dia em que o Corinthians foi eliminado da Libertadores 2011.

8 thoughts on “23 de julho de 2010, o dia que Muricy eliminou o Corinthians da Libertadoes 2011”

  1. Que noite maravilhosa!! Fui dormir com meu time líder e com o corinthians eliminado da intocavel libertadores, eu realmente dormi tranquilo essa noite!

    FORZA PALESTRA!

  2. Oie João. Concordo com quase tudo… Agora o ronaldo está sim muito mais gordo do que quando chegou no Brasil, é só ver as imagens da chegada e de agora.. é impressionante como agora ele mal consegue se movimentar… antes ele ainda conseguia uma arrancada no jogo que era “salvadora”.. Fora isso, convenhamos, esse time é regional… aqui tem ajuda da cbf e arbitragem comanda como em 2005, saiu do quintal, já era…

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